Por: Rafael Neves - Metro Curitiba |
Os Correios informaram ter
apreendido em agências por todo o Brasil, de janeiro a maio deste ano, 23% a
mais de drogas escondidas em encomendas do que no mesmo período em 2016.
Os
números absolutos de apreensões não são divulgados por questões de segurança,
mas mostram, segundo os Correios, que traficantes ainda não desistiram de usar
o serviço postal como “mula”, apesar do aumento na fiscalização.
“Nós
temos investido em técnicos que recebem treinamento, e eles vivem descobrindo
drogas em lugares inimagináveis. Todos os disfarces são bem elaborados”, afirma
Júlio González, diretor regional dos Correios no Mato Grosso do Sul.
Por
ser uma rota do tráfico, o Estado é um dos mais atentos a este crime. No final
do mês passado, a unidade de Corumbá (MS) descobriu duas remessas de cocaína
que iriam à Espanha e ao Canadá. Em ambas, a droga estava prensada na forma de
finas placas e revestida na frente e no verso por cartazes dos Jogos Olímpicos
do Rio-2016.
Além
de treinamento, os Correios usam máquinas de raio-x para a fiscalização. Com a
tecnologia, descobriram-se drogas escondidas em papéis, como certificados e
diplomas, CPUs de computador, caixas de bombom, aveia e até um ursinho de
pelúcia. “Esse problema existe há muito tempo e percebemos que aumenta em
certas épocas do ano”, disse González.
Investigações
Encontrada
a droga, o desafio é localizar os responsáveis pelos envios, já que quase
sempre os pacotes estão com nome e endereço falsos.
Todas
as descobertas são repassadas para a PF (Polícia Federal), que passa a
investigar. Em São Paulo, a PF mantém a Operação Faro Fino, um trabalho
permanente de combate ao tráfico postal.
Embora
haja registros de remessas de maconha e haxixe (resina da erva), os achados
mais frequentes nos Correios são de cocaína e drogas sintéticas, como ecstasy e
LSD. Estas mercadorias dão maiores lucros ao ser enviadas em pequenas
quantidades, algo fundamental para minimizar os riscos de flagrante.
Nas
grandes capitais, os Correios inspecionam encomendas por amostragem, já que o
grande volume torna impossível fiscalizar tudo. No Mato Grosso do Sul, por
exemplo, apenas as unidades de Corumbá e Ponta Porã, mais próximas das
fronteiras com a Bolívia e o Paraguai, revistam todos os pacotes. A unidade
sul-matogrossense diz interceptar encomendas que buscam o mercado nacional,
especialmente São Paulo e Rio, mas a maior parte é destinada
ao exterior. Espanha e Holanda são os principais alvos dos traficantes.
Outros
itens ilícitos têm maior aumento
As
apreensões de outros objetos ilegais nos Correios vêm tendo um aumento ainda
mais expressivo do que as drogas.
No
período de comparação (janeiro a maio de 2017 em relação ao mesmo período do
ano passado), os flagrantes de itens proibidos subiram 77%, contra 23% dos
entorpecentes.
Só
neste ano, a PF (Polícia Federal) já prendeu pessoas que tentaram usar os
Correios para transportar munições, outros acessórios de armamentos e cédulas
de dinheiro falso, entre outros produtos.
Em
fevereiro, por exemplo, uma mulher de 63 anos foi detida pela PF no Rio de
Janeiro como destinatária de uma remessa de 24 carregadores de fuzil. A carga
estava escondida em uma caixa, junto com um carrinho de bebê, e foi remetida da
Polônia. Os agentes monitoraram o envio e prenderam a mulher no momento em que
retirava o material.
FONTE: https://www.metrojornal.com.br/foco/2017/07/04/apreensoes-de-drogas-nos-correios-sobem-23-no-ano.html